terça-feira, 13 de março de 2018

   SHOW de lançamento do Álbum THE LONELY ONES de FABIANO NEGRI                                                          TAO Campinas


        No ano de 2011, eu, estupefato & em adoração, assisti Master CHRIS CORNELL mostrar ao público do Festival SWU o que é dominar um palco com apenas uma acoustic Guitar & sua VOZ. Me senti profundamente emocionado & abençoado.
       À época, quis muito escrever sobre esta experiência mas nunca formalizei e a ideia se perdeu.
       Poucas vezes em minha vida senti-me compelido a escrever resenhas para shows ao vivo (de qualquer Artista que fôsse). Desnecessário ressaltar portanto o quão importante foi este em particular para me motivar a fazê-lo.
       E posso afirmar com cerveza que o momento único que vivi no Tao (Teatro de Arte & Ofício) na cidade de Campinas neste fim de semana inclue-se entre os maiores / mais fortes que presenciei.


        Que FABIANO NEGRI é um MÚSICO ímpar & superlativo todos que seguem e conhecem seu trabalho já sabem. MAS - o que se viu & ouviu no TAO foi uma SUPERNOVA, uma Estrela no auge de seu fulgor brilhando de forma esplendorosa.
       Antes da apresentação principal, fômos brindados com um opening act de PEDRO SAMPIETRI, multi-instrumentista talentoso que compõe a Banda solo de Negri, desta vez nos presenteando com grandes clássicos da música pop como "Rocket Man", "Black", "Hallellujah" & (o mais importante) seu trabalho autoral a ser lançado breve num Álbum que contará com a produção de Mestre Negri. "WHY", "ANOTHER TIME, ANOTHER PLACE", "ANGEL", mostraram um compositor sensível, com um pé firmemente fincado no pop e o outro no folk.
       Acredito que é o início de uma carreira auspiciosa para Sampietri.


       Logo em seguida, à meia luz, sobe ao palco NEGRI munido apenas de seu violão e inicia seu show com "DISTANT SHORE", 2a canção de seu mais recente Álbum "The Lonely Ones", que emenda com "LAST STAND", 1a do mesmo que Fabiano esclarece, foi composta como uma elegia ao grande Chris Cornell que suicidou-se em 2017.
       Importante salientar que The Lonely Ones não é apenas um Álbum de canções 'pop' acústicas.
       O Artista acredita no Álbum conceitual e como um dos maiores expoentes deste formato atualmente no mundo da Música, resolveu após uma série de fatores e incidentes ocorridos na vida real, mobilizar seu talento ano passado para dar voz aos que sofrem, falar dos maiores problemas que afligem a raça humana desde tempos imemoriais - autismo, bullying, isolamento, estupro, depressão, bipolaridade, suicídio - e honrar os solitários do título.
       Fabiano se encontrava tão verdadeira e profundamente inspirado & imbuído desta missão que até canções que não me conquistaram tanto nas gravações de estúdio (como "BEHIND THE SUN" & "DAY AFTER DAY") ganharam dimensões muito mais significativas ao vivo.


       Após esta dobradinha de seu novo trabalho Fabiano interpretou talvez seu maior clássico, "POTSDAMER PLATZ", numa versão intimista & arrepiante, seguida de "FLAMES OF AMBITION", outra de seu repertório que foi cantada com entusiasmo pelo público.
       Apesar da natureza 'solo' do Artista em tempos recentes, Negri sempre se dedicou também a Bandas / Projetos e foi generoso, abrindo espaço para outros intérpretes brilharem em seus espetáculos. Desta feita não foi diferente.
       Em um dos momentos mais emocionantes do show sobe ao palco ANDRÉ BAIDA, um guerreiro veterano da cena musical de Campinas, que revelou surpreendentemente que a faixa que interpretaria ao lado de Negri, "LOST STRANGERS", foi composta baseada em seu drama pessoal (os que conhecem Baida sabem o que ele enfrenta há muitos anos, como o próprio revelou ao microfone).

André ainda voltaria ao palco para cantar "Hurt" (com Fabiano ao Piano dividindo os vocais), canção do oscarizado TRENT REZNOR, associada erroneamente ao falecido Johnny Cash, por conta de um Álbum de covers gravado por ele pouco antes de sua morte que tornou-se notório. Sua versão injustamente acabou mais conhecida & 'lendária' que a gravação original (escrevo isto não em detrimento do Mestre Cash mas porque tem de se dar crédito de forma justa a quem cria músicas & não apenas as interpreta).


       A maior surpresa da apresentação foi "RAPED" (que versa sobre abuso sexual) na qual Fabiano escolheu & chamou ao palco como intérpretes DEZE (esposa de Baida & que divide os vocais com o mesmo na Banda FENRIR's SCAR) e MARI (uma de suas alunas na Escola "CULTURA POP", onde é mentor, tutor, educador há mais de uma década).


      MARI também voltaria ao palco 'convocada' por Fabiano para que ambos (o Mestre ao Piano) realizassem "Space Oddity" em dueto vocal juntamente com Pedro Sampietri (também no violão).
     "THE LONG RUN" & "MORNING RAIN" (uma doce canção com tema espinhudo - suicídio) precederam o clímax (para mim, ao menos) & mais tocante episódio de todo o show: "LET THERE BE LIFE" que encerra de forma impressionante o Álbum acústico. A canção (em minha opinião) representa o ápice em performance vocal de FABIANO NEGRI até hoje e ao vivo fez jus totalmente a tal classificação, com um elemento adicional vital: seu filho (& também multiinstrumentista) IAN ao violão.

 
      Um crítico de CINEMA certa vez definiu a obra do cineasta OLIVER STONE como imbuída de uma 'loucura messiânica'.

 
Acho que não consigo achar palavras mais bombásticas, fortes & ou apropriadas para descrever o que vi, ouvi & SENTI acontecendo no palco naquele momento.
      A entrega, técnica, sentimento e VERDADE de Fabiano me arrepiaram a ALMA. Algo para não esquecer jamais...


      Findo o setlist dedicado a apresentar seu recém lançado Álbum, Negri chamou ao palco outro aluno, ROBSON BROCCO, para tocar "Midnight Rider" de outro grande, tristemente falecido (GREGG ALLMAN, The Allman Brothers) e Sampietri para uma versão belíssima de "Wish you were here", mais a já mencionada cover de BOWIE.


    

      Ainda teríamos de presente "TOMORROW", hit do REI LAGARTO com refrão entoado pela plateia (como já é de praxe nos shows do Músico há muitos anos) antes de fechar a noite com uma cover de "Creep" (presente no espetacular EP bônus para a versão digital de seu Álbum) na qual posso jurar ter visto Sensei Fabiano chorar...

     O público chamou por um bis, Fabiano voltou ao palco (acompanhado de seu sobrinho). Visivelmente emocionado e com a voz embargada agradeceu a todos por aquela noite muito especial.
     Acho que em todos estes anos acompanhando sua carreira (desde o MINDFREAK), nunca vi Fabiano tão inspirado e emocionado. Um homem em estado de graça, no auge de seu talento & técnica. Messianic madness indeed.
      Fabiano foi com justiça incluído na lista de melhores Vocalistas / Guitarristas pelo staff da revista de Música mais importante do BRASIL (a ROADIE CREW) e pessoalmente, em 2018, certamente O maior / melhor / mais talentoso VOCALISTA do país.

     O que vimos & ouvimos no show da noite de 10 de Março de 2018 é para ficar na história. Sinto-me privilegiado por ter estado presente no presente e em um presente que nos foi dado.
     Foi o show mais extraordinário & memorável de Fabiano Negri de TODOS (muitos!) que já testemunhei & que assim como aquele de Sensei Cornell em 2011, permanecerá na minha memória como um dos maiores / melhores em todos os tempos.
                          OBRIGADO SENSEI & FREUND FABIANO NEGRI
  


(Muito obrigado a MARCOS ALEXANDRE , autor das FOTOS desta resenha)


     P.S. Em tempo: dia 18 de MAIO, Fabiano Negri volta aos palcos com uma Banda foderosa - Henrique Machado na bateria, seu filho Ian no BAIXO, Henrique Figo & Robson Brocco (com quem tocou "Preaching the end of the World" do próprio Cornell no show do Tao) nas Guitarras, para homenagear o ídolo de Seattle em tributo especial no Sebastian Bar Campinas...
     Quem viver verá.


    
    

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