terça-feira, 22 de novembro de 2016

That Drummer Guy Interviews Mike Portnoy

This Year (2016) - for the greyhounds!

Expressão do Cotidiano: Democracia, um delírio dos gregos?

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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

TÃO LOGO - Espetáculo de DOUGLAS CHAVES em comemoração aos 10 ANOS da Companhia Teatral CORPO SANTO


             Como você seria daqui dez ANOS? Como estaria sua vida? Difícil saber? Então faça o exercício oposto: imagine-se dez anos atrás. Como era você? O que mudou na sua personalidade de lá pra cá? Mais fácil ou mais difícil agora?
             Bem, fácil ou difícil lembrar-imaginar-projetar, o fato é que nada é fácil ou vem 'mastigado' para vocês espectadores no espetáculo “TÃO LOGO” de DOUGLAS CHAVES que marca os dez anos da Companhia de Teatro CORPO SANTO, que tem montado nesta última década trabalhos sempre instigantes e incomuns.
             Desta vez, Douglas se aventura em uma dramaturgia densa, sólida, pensada milimetricamente (como aliás tudo que Chaves faz usualmente), deixando uma aparente ambientação caótica (mas só aparentemente) neste seu exercício de “E SE?”... O espectador será jogado num torvelinho de metalinguagem, partindo do ponto inicial de uma festa, um reencontro que pretende fazer a ponte para um hiato de uma década entre os personagens.
             Sou MUITO suspeito para fazer tal relato-resenha de “Tão Logo”. Afinal, acompanho o trabalho da Cia Corpo Santo há muitos anos. Por ser parceiro de ELAINE ÁVILA CRUZ há mais tempo ainda, tenho tido o privilégio de estar com eles & compartilhar de suas alegrias & vicissitudes, como quando aplaudidos em cena aberta em apresentação única de um Festival de Teatro (na cidade de Vinhedo) e muitas ocasiões mais …


            Por esta razão, me forcei a um exercício estético: criar não só uma resenha – ou 'crítica' (termo que detesto por todo o ranço formalista babaca que carrega) – do ponto de vista do analista de Teatro, como também um texto do ponto de vista do espectador na plateia que NUNCA tivesse visto a Cia Corpo Santo atuar. Abaixo, o(s) resultado(s). Espero que entretenham vocês leitores tanto quanto o fez ao escriba aqui …



                                TÃO LOGO – Resenha do crítico de Teatro

             Qual não foi o meu prazer (até certa ansiedade, não nego, devo confessar) ao me sentar à uma cadeira naquele fim de tarde no CIS Guanabara (espaço que tem abrigado grandes apresentações de teatro nestes últimos anos, de cultura popular a Gogol, de Tchekov à vanguarda teatral do século XXI, como o dramaturgo-diretor-ator DOUGLAS CHAVES) para presenciar (não, vivenciar é certamente palavra mais apropriada) um exercício hipotético girando em torno do NÓS – todos nós & mais especificamente os atores da Cia CORPO SANTO – e o seguinte questionamento: “ONDE e COMO estaremos daqui a dez anos?”;”E SE sua vida não tivesse sido-fôr-será exatamente como imaginara/quisera?” …
             Então, o início de uma festa para comemoração-reencontro de uma trupe Teatral (justamente a própria Corpo Santo em questão) serve de pano de fundo para nossa viagem na realidade imaginada, com Douglas Chaves (também atuando neste espetáculo) como espinha dorsal & amálgama de todos os acontecimentos que se seguirão.

             O que Chaves faz é meio que confrontar o passado com toda a euforia e nostalgia que carrega (para o bem & para o mal) com a realidade perene do AGORA. O presente sempre se mostra mais implacável e duro. É realidade versus utopia. E como bem se sabe, desde que Thomas More a idealizou, toda utopia é ingênua & irrealizável.
             Vamos sendo apresentados aos personagens – 'characters' SIM, porém mais para versões sombrias & não tão bem delineadas deles mesmos – os thespians extraordinários da Cia Corpo Santo um a um, que se (re)conhecem (& se estranham na mesma medida) conforme chegam informalmente para a celebração. É muito saboroso, divertido, bizarro & angustiante o desenrolar da história principalmente para alguém como EU que conhece razoavelmente bem todos aqueles que ali atuam e suas personas. 
             Primeiro porque trata-se de um espetáculo cheio de metáforas, metalinguagem e principalmente quebras, que fazem o espectador questionar-se se o que está diante de seus olhos é , pode ser ou ter sido real ou apenas invenção. A todo momento te põe na beira do assento para te devolver a calma (ou te pôr mais angustiado ainda) até o momento questionador-questionável seguinte.


              Segundo, porque o questionamento vem exatamente do fato das personalidades deles todos serem um tanto opostas ao que “Tão Logo” nos mostra. É como se dez anos tivessem trazido tudo neles de mais inseguro à tona.
             Douglas investiu pesado na dramaturgia desta vez. O que temos de seus espetáculos intimistas, subjetivos, 'navalha na carne' Genet/Dolanianos, é um trabalho meticulosamente pensado & construído, da música (sempre brilhante e parecendo ter sido composta especificamente para as cenas) ao figurino/vestuário primorosos (outro ponto alto, escolhido com perfeição, trazendo formalismo, suposta maturidade e também como um luto velado, a não ser no personagem mais 'desgraçado' deste futuro idealizado, que parece carregar no branco que traja um farol de esperança), incômodo sim às vezes, longo por outras, que se permite silêncios profundos (uma marca da criação de Chaves) para pôr à mesa & discutir uma série de questões pertinentes a qualquer ser humano: quem sômos realmente? No que nos tornaremos em anos futuros? Quais serão nossos questionamentos/valores? O que é o TEATRO afinal? 
             Muitas destas perguntas serão respondidas (ou não) conforme JEFFERSON LEARDINI, LUÍS BINOTTI, WAL BUARQUE, ELAINE ÁVILA, o próprio DOUGLAS & com a adição muito bem vinda de PALOMA DUARTE (excelente em uma personagem bastante peculiar) forem chegando e apresentando-se – sem mencionar uma série de surpresas que Douglas preparou para a plateia (mas que assim ficarão, como boas surpresas que são, ocultas até que vá assistir & presenciar com seus próprios sentidos) ...

             É no texto precioso de Chaves que sentiremos a crueldade do real em oposição ao idealizado. E a pungente poesia desta forma de ARTE essencial. Frases preciosas como “as pegadas brancas do breu da bailarina no assoalho”, “isto não é Física Quântica, é TEATRO”, “parece que fômos amaldiçoados ao nascer pela Bruxa do Teatro” estabelecem um tom onírico. Atores são 'fingidores', mentirosos habilidosos por natureza. Portanto, cuidado com a pretensa exibição da 'personalidade' dos Atores em cena pois em “Tão Logo”, talvez NADA seja o que pareça ser; mas ao mesmo tempo, da simulação de um futuro desolador pode eclodir a verdade das ATRIZES, ATORES, dos SERES HUMANOS!
            TÃO LOGO me emociona e mexe comigo muito mais que NÓS - espetáculo com paralelos inegáveis com o de Chaves. Mas com todo devido respeito ao Grupo Galpão, idealizado-criado muito antes sequer da peça deles ter debutado (& EU sou testemunha, já que acompanhei todo o processo de criação de Chaves inclusive com o elenco & seu provocador mor ADOLFO BARRETO).
            NÓS mira mais o macrocosmo – o coletivo, o social, por assim escrever. Válido & necessário. Porém, eu como bom Anarquista creio que só se muda o entorno se mudares a SI mesmo primeiro. Portanto, pessoalmente, acredito mais no microcosmo.
          & não pensem que “Le temp detruit tout” no futuro hipotético imaginado por ele. DOUGLAS CHAVES nos brinda exatamente com o que há de mais profundo & complexo no ser humano – A ALMA. Não é apenas fumaça & espelhos, anilina & mel ... Há espaço para o belo e a compaixão na mesma medida. Um dos Espetáculos essenciais do ano de 2016. Prestigie (principalmente se está na cidade de Campinas).
         “ TÃO LOGO “ é TEATRO em estado PURO. 
          Parabéns Douglas Chaves & Companhia Corpo Santo. SAÚDE, e um brinde a DEZ ANOS mais!





                                                                           Leonardo Mattar Monteiro







                                     TÃO LOGO – Análise do Espectador

            Cheguei ao CIS Guanabara esperando encontrar um espaço convencional de apresentações, uma sala, um palco... Qual não foi minha surpresa ao me deparar com cadeiras ao fundo do local, em meio à grama, com uma mesa montada como que para um happening.
            De repente, tudo começa, os atores vão chegando e saindo de cena num ritmo frenético e caótico, que remete ao que é a própria vida no dia a dia. Eles se sentam à mesa, começam a beber, parecem embriagar-se, mas aí você olha as garrafas, nota e pensa: “Eles estão bebendo água”. Então, o quanto de real e o quanto de 'faz de conta' tem ali? Há quebras de cena e raciocínio que te fazem lembrar, é teatro o tempo todo, né …
            Fiquei impressionado com as performances. Todos os atores bastante profundos, mergulhados em suas personagens (personagens ou será que aquilo tudo é uma exarcebação de suas próprias personalidades? A peça brinca tanto com estas possibilidades que confesso que me pôs em dúvida). Uma intensidade de interpretação que mexe com a gente e faz pensar. Muito forte. E como se não bastasse, há toda uma interação com o público, quando menos esperamos tem algo ou alguém interferindo em tudo …


            É mencionado o tempo todo por um dos atores (que me disseram ser também diretor e escritor deste trabalho, incrível!) e ao final - que fico contente, não termina em um tom 'pra baixo', já que todo o transcorrer leva-nos a pensar em vários finais horríveis e possíveis para a trama – acho que é isso mesmo: “Tão Logo” é um Espetáculo sobre cada um de NÓS. Este é um trabalho essencial a que todos deveriam assistir. Saio da experiência (que no começo, me pareceu longa, como um dia ruim, ou aquela festa que ganha um tom desagradável, sabe? Até entender que certamente esta foi a intenção do diretor, de nos levar por caminhos angustiantes, com idas e vindas) movido, comovido e renovado. 
           Assisti “Nós” em São Paulo , espetáculo que guarda semelhanças com este aqui, mas confesso: “Tão Logo” calou muito mais fundo em minha alma.

           Uma jornada de auto conhecimento.




Ficha técnica:
Elenco: Douglas Chaves, Elaine Ávila, Jefferson Leardini, Luis Binotti e Wal Buarque
Participação: Paloma Duarte
Dramaturgia e Direção: Douglas Chaves
Provocações: Adolfo Barreto
Sonoplastia: Douglas Chaves
Operação de Som e Luz: Diego Consoline
Edição de Vídeo: Bruno Cardoso
Captação de Imagens: Adolfo Barreto
Produção: Cia. Corpo Santo
Apoio: CIS Guanabara

"Tão Logo - uma peça de teatro para finais de tarde"

Em cartaz no Espaço CIS Guanabara

(local de atuação da Companhia Corpo Santo desde 2013)

Datas: 

12, 13, 19 & 20/11 – 18h

Ingressos: No chapéu 

(o público decide quanto deverá pagar pela experiência)

Lotação: 40 lugares (reservas)

Local: CIS Guanabara – Rua Mário Siqueira, 829 – Botafogo – Campinas 

(Atrás da Unimed da Barão de Itapura) 

Telefone : 3233- 7801

Facebook: Cia. Corpo Santo

Twitter: @CiaCorpoSanto
              
             @DougChaves

             @LaineAvilaCruz

             @JeLeardini

             @WalBuarque

             @LuisBinotti

             @PalomaFQ



                                                  DOUGLAS CHAVES

                                                      LUÍS BINOTTI

                                                ELAINE ÁVILA CRUZ

                                                    WAL BUARQUE
                                               JEFFERSON LEARDINI
                                                   PALOMA DUARTE

                                                 DIEGO CONSOLINE
                                                        Luz & Som